O Tratado RCEP, o maior acordo comercial do mundo ou o maior tratado de livre-comércio do mundo. Você pode escolher qual a melhor expressão que quer usar. Mas, o fato é que estamos falando sobre o mesmo assunto, o RCEP!
Se você ainda não sabe o que significa a sigla RCEP, calma. O tema foi tema da mídia nos últimos dias porque começou a valer no primeiro dia deste ano. E mais do que entender o conceito, nos próximos tópicos você vai ver quem são os membros e o objetivo do RCEP.
Aliás, para uma melhor organização da sua leitura, o texto foi dividido assim:
- Qual é o maior acordo comercial do mundo
- Qual é o objetivo do RCEP
- O que esperar do RCEP para os próximos meses
- O RCEP vai afetar o Brasil?
Qual é o maior acordo comercial do mundo
De fato, esse é o maior acordo comercial do mundo e entrou em vigor em primeiro do ano de 2022. Ele foi bastante esperado por vários países e é um tratado de livre-comércio. Aliás, dos grandes países asiáticos, a Índia é a única que não integra o grupo e você vai saber o motivo.
Um dos pontos teóricos que todo mundo quer saber é: o que significa a sigla RCEP. Estamos diante da Regional Comprehensive Economic Partnership. Ou melhor, Parceria Econômica Abrangente Regional.
E quais os membros do RCEP? O Tratado RCEP conta com os 10 países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Tailândia, Filipinas, Malásia, Cingapura, Indonésia, Brunei, Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja), além de China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
Um fato curioso aqui é que esses países representam quase 30% do Produto Interno Bruto mundial. E os estudiosos dizem que a China foi quem mais agilizou o acordo, ainda mais após ter saído do Tratado de Livre Comércio Transpacífico, criado pelos Estados Unidos.
Outros grandes acordos comerciais
Essa parte do texto é apenas um parêntese para quem gosta de história. Saiba que além do RCEP existe mais dois grandes acordos que ligam a região Ásia-Pacífico.
O primeiro você conhece porque já citamos: o ASEAN, isto é, Associação das Nações do Sudeste Asiático. Ele é de 1967 e tem até uma ideia de promover a paz entre os países. Atualmente, ele conta com 10 países asiáticos, o que não inclui China e Coreia do Sul.
O outro é o TPP (Transpacific Partnership), ou seja, é a Parceria Transpacífica. Criado entre 11 países banhados pelo Oceano Pacífico e tinha os Estados, que se retirou em 2018. Hoje, o TPP11 tem: Chile, Canadá, Peru, México, Nova Zelândia, Austrália, Japão, Vietnã, Malásia, Cingapura e Brunei.
Qual é o objetivo do RCEP
Na definição, o acordo de livre comércio é uma forma de estimular economias. Assim, as negociações entre países membros podem acontecer com várias vantagens. E isso também explica o RCEP, que vem acontecendo desde 2011, mas se formalizou agora.
Uma resposta rápida que também explica o objetivo do RCEP é que com esse acordo mais de 90% das mercadorias comercializadas entre os países-membros podem ficar sem tarifas. Logo, empresas e consumidores de cada uma dessas nações serão beneficiadas.
O RCEP também vai promover a interação do e-commerce entre os países. Isso porque quer facilitar o acesso de todos com a abertura econômica e a integração regional.
No entanto, como é possível notar, os objetivos deste Tratado se voltam para o comércio, mas sem citar qualquer ponto relacionado ao meio-ambiente. E essa foi uma das críticas que vieram de outros países e do mercado internacional.
O que esperar do RCEP para os próximos meses
De maneira geral, a expectativa internacional é a de que o Tratado do RCEP tenha ótimos resultados para os países membros. Afinal, é um bloco econômico muito forte e com capacidade que permite o livre comércio entre eles.
Além do mais, isso pode ajudar no crescimento dos países menores da região, que terão mais oportunidades de negócios a partir do acordo.
Um estudo do Instituto Peterson de Economia Internacional estimou que o acordo poderá aumentar a renda nacional global em US$ 186 bilhões por ano até 2030 e isso dá 0,2% para a economia dos países membros.
O RCEP vai afetar o Brasil?
Para especialistas da área de Relações Internacionais, o acordo faz parte de uma disputa maior entre Estados Unidos e China. Logo, não deve haver um impacto tão significativo para o Brasil. A maioria vê como uma vitória para a China e apenas isso.
Aliás, vale a pena lembrar que nos últimos anos muito tem se falado sobre possíveis acordos comerciais entre o Brasil e alguns países asiáticos, como é o caso da Coreia do Sul, da Indonésia, do Vietnã e de Singapura. Porém, nada foi concretizado em Tratados.
Já conforme análises feitas para um mercado maior, que envolve toda a América Latina, o que se sabe é que a relação com a Ásia tem crescido nos últimos anos. Porém, ainda está longe de terminar, já que “há muito espaço para avanços”.
Desse modo, sem se esquecer da briga entre EUA e China, de fato, pode haver algum tipo de dificuldade no comércio entre os países da América Latina com os chineses.
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Curiosidade: quais motivos fizeram com que a Índia não aderiu ao RCEP
Esse é outro ponto curioso sobre o Tratado RCEP. Afinal, a Índia até cogitou fazer parte desse novo grupo comercial. Porém, desistiu. O motivo mais aparente é um receio de perder o próprio mercado para a concorrência, especialmente, a concorrência chinesa.
Assim, em relatórios oficiais dados à imprensa internacional, os porta-vozes da Índia disseram que “a decisão é salvaguardar os interesses das indústrias nacionais, como agricultura e laticínios, além de dar vantagens para o setor de serviços do país”.
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